A Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM) reafirmou, durante o encontro “Educação Superior na Saúde: Qualidade Acadêmica e Expansão Sustentável”, promovido pelo Sindicato Médico do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira, 6 de novembro de 2025, o compromisso com a qualidade acadêmica, a expansão sustentável e a sustentabilidade da formação médica no país. As reflexões abordaram o papel das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Medicina, o desenvolvimento docente e a responsabilidade social das instituições formadoras como pilares essenciais para o fortalecimento da educação médica brasileira.
Sandro Schreiber, diretor presidente da Abem, destacou que discutir qualidade acadêmica implica considerar o contexto e os parâmetros que orientam essa formação — especialmente as novas DCNs de 2025, que representam um marco importante ao consolidar avanços significativos no perfil do egresso, no internato e na avaliação programática. Entre as inovações, foram ressaltadas a valorização da liderança colaborativa, a educação permanente, a interculturalidade e a inclusão de temas contemporâneos como mudanças climáticas, inovação tecnológica e sustentabilidade.
Outro ponto enfatizado por Sandro foi o desenvolvimento docente, reforçando que não há como garantir qualidade na educação médica sem investir na formação continuada de professores e preceptores. Nesse sentido, a Abem tem se destacado com iniciativas como o curso de especialização em Desenvolvimento Docente e a formação de gestores de escolas médicas, ações fundamentais para o fortalecimento da docência e da gestão acadêmica no país.
A responsabilidade social também foi tratada como eixo central. Para a Abem, a equidade social deve ser entendida como compromisso institucional — público e privado — com as comunidades nas quais as escolas estão inseridas. Essa perspectiva inclui o reconhecimento das diversidades culturais e regionais, entendendo que “formar médicos em Pelotas, Belém ou no Rio de Janeiro requer olhares distintos, sensíveis às realidades locais”, exemplificou Sandro.
Em relação ao debate sobre a expansão dos cursos de medicina, Sandro ressaltou a importância de que ela ocorra de maneira planejada, baseada em critérios técnicos e na real necessidade social, e não apenas em interesses de mercado. A Associação defende que a ampliação das vagas esteja vinculada à qualidade e à transformação do perfil do profissional médico, de forma a promover maior diversidade e equidade no acesso à carreira, contemplando questões de gênero, raça e origem social.
A sustentabilidade do ensino médico foi apresentada como um desafio que depende da consolidação de políticas públicas consistentes, da continuidade das ações governamentais e da valorização da inovação, com alerta para a necessidade de superar a lógica de políticas de governo — que mudam a cada gestão — em favor de políticas de Estado que garantam estabilidade e avanços contínuos.
Nesse contexto, a Associação ressaltou a relevância de iniciativas como o Projeto Rever – Formação Médica para o Brasil: Onde Estamos e Para Onde Vamos?, que tem promovido um amplo diálogo nacional sobre as diretrizes, práticas e políticas de formação médica. O projeto, que entra em sua fase final em 2026, representa um dos maiores esforços de mobilização e construção coletiva já realizados no campo da educação médica no país.
O diretor da Abem reafirmou que o atual cenário é de oportunidade e construção conjunta, reconhecendo o protagonismo das escolas médicas, públicas e privadas e reforçando que o futuro da formação médica no Brasil depende da colaboração entre todos os atores envolvidos — docentes, discentes, instituições e órgãos governamentais.
“Estamos convictos de que o caminho é o da construção coletiva, baseada em qualidade, compromisso social e sustentabilidade. O momento é desafiador, mas também promissor para consolidar uma educação médica cada vez mais alinhada às necessidades da população brasileira”, conclui Schreiber .