A Abem, reunida a outras 24 entidades do setor, assinou nota publicada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) em resposta ao discurso do presidente Jair Bolsonaro que foi ao ar na terça-feira, 24 de março. Além de classificar a manifestação presidencial como intolerável e irresponsável, a nota aponta atuação criminosa na fala proferida. Veja o conteúdo completo a seguir.
Bolsonaro, inimigo da saúde do povo
Nota das entidades de saúde coletiva e da bioética a respeito do pronunciamento do Presidente da República em cadeia nacional de rádio e TV, em 24 de março
As entidades de saúde coletiva e da bioética consideram intolerável e irresponsável o “discurso da morte” feito pelo Presidente da República, na noite de 24 de março, em cadeia nacional de rádio e TV.
Nessa manifestação, incoerente e criminosa, o Sr. Jair Bolsonaro, no momento ocupante do principal cargo do Executivo Federal, nega o conjunto de evidências científicas que vem pautando o combate à pandemia da COVID-19 em todo o mundo, desvalorizando o trabalho sério e dedicado de toda uma rede nacional e mundial de cientistas e desenvolvedores de tecnologias em saúde.
Nesse ato, desrespeita o excelente trabalho da imprensa e de numerosas redes de difusão de conhecimento, essenciais para o esclarecimento geral sobre a COVID-19, e desmobiliza a população a dar seguimento às medidas fundamentais de contenção para evitar mortes, medidas estas cruciais encaminhadas com muito esforço pelas autoridades municipais e estaduais, implementadas por técnicos e profissionais do SUS, os quais vêm expondo suas vidas para salvar pessoas. Além disso, Bolsonaro comete o crime de “infração de medida sanitária preventiva”, a ser enquadrado no Art. 268 do Código Penal Brasileiro, ao desrespeitar “determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”.
Nossas entidades, representativas da comunidade brasileira de sanitaristas, epidemiologistas, planejadores e gestores de saúde, cientistas sociais e outros profissionais da área de saúde pública, vêm a público denunciar os efeitos nocivos das posições do presidente da República sobre a grave situação epidemiológica que estamos vivendo. Seu pronunciamento perverso pode resultar em mais sofrimento e mortes na já tão sofrida população brasileira, particularmente entre os segmentos vulnerabilizados em nosso país.
As instituições da República precisam reagir e parar a irresponsabilidade do ocupante da cadeira de presidente antes que o caos se torne irreversível.
Assinam esta nota as seguintes entidades:
- Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO
- Centro Brasileiro de Estudos da Saúde – Cebes
- Associação Brasileira de Economia da Saúde – ABrES
- Associação Brasileira da Rede Unida
- Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn
- Associação Paulista de Saúde Pública – APSP
- Sociedade Brasileira de Bioética – SBB
- Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares – RNMMP
- Associação Brasileira de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora – ABRASTT
- Frente Ampla em Defesa da Saúde dos Trabalhadores
- Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais – ABRATO
- Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social – CNTSS
- Federação Nacional dos Psicólogos – FENAPSI
- Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS
- Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro – SinMed-RJ
- Movimento Nenhum Serviço de Saúde a Menos
- Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia – ABMMD
- Associação Brasileira de Nutrição – Asbran
- Federação Nacional dos Farmacêuticos – FENAFAR
- Associação Brasileira de Educação Médica – ABEM
- Conselho Federal de Nutrição – CFN
- Conselho Federal de Serviço Social – CFSS
- Federação Nacional dos Enfermeiros- FNE
- Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia – Abenfisio
- Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil – Fasubra