Horror. É o que o “necroestado” comandado por Cláudio Castro, impôs à população do Rio de Janeiro neste 28 de outubro de 2025. Data que entrou para a história como dia em que uma operação policial do governo do estado desencadeou verdadeiro massacre de cidadãos cariocas moradores de periferia da cidade. Essa guerra é travada em nome do enfrentamento ao narcotráfico, resultado da criminalização das drogas, com a consequente humilhação de pessoas moradoras da periferia, negras, execução da juventude negra e desespero de suas mães e familiares.
Chacina. É o que caracteriza a operação com mais de 114 mortos informados até agora, número que tende a aumentar, e 81 presos. Uma repetição de ações contra os moradores dos territórios das favelas, marcadas pela violência extrema dos órgãos de segurança do estado, orientado por um modelo de segurança pública sustentado na lógica bélica, marcadamente racista, que despreza a vida e sofrimento alheios das pessoas moradoras nos territórios de favelas.
Tragédia. Não há palavras para traduzir tamanho pavor, expresso nas faces aterrorizadas de mães que buscavam identificar seus filhos entre os corpos inertes nas ruas. Assim como o pânico vivido por milhões de pessoas, obrigadas a voltar a pé para suas casas no meio da tarde, sob o informe do estado de guerra na cidade, e redução dos transportes públicos que as pudesse atender. Mais de 2.000 policiais fortemente armados construíram esta cena, que é a repetição de muitas outras que ao longo da história somam ao terror estatal, a ausência de políticas públicas robustas, que levem amparo digno às milhares de famílias que habitam nesses lugares. Uma tragédia à qual é preciso dizer um forte e uníssono BASTA.
Há importantes iniciativas de enfrentamento do terror estatal contra a população, como a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 635, popularmente conhecida como a “ADPF das Favelas” que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2019, e conta com protagonismo de organizações de favelas e movimentos de mães e familiares de vítimas do terrorismo do Estado. Esta ação constitucional busca ampliar o controle social, político e jurídico sobre as forças de segurança do Estado, o que é um dos requisitos para podermos falar em uma democracia. Infelizmente uma tramitação morosa pela urgência que os fatos reclamam, mas que poderá ter um impulso com a mobilização social necessária, que se deve criar desde já.
A Frente pela Vida:
_ repudia fortemente a violência perpetrada à população a mando do governador do estado do Rio de Janeiro.
_ se solidariza aos familiares dos mortos, e cobra de forma veemente total transparência nas investigações, com identificação das vítimas, publicização das circunstâncias das mortes e apoio aos familiares.
_ reivindica a célere tramitação da ADF das Favelas, e outras medidas que levem ao controle social das ações da segurança pública.
– reivindica que o conceito institucional de combate às drogas e à violência resgate o vínculo estruturante destes fenômenos como problemas sociais e de saúde pública.
_ propõe que o governo do estado do Rio de Janeiro seja denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA) pelos crimes que tem cometido contra os direitos humanos.
Brasília, 29 de outubro de 2025.